Morreste-me, de José Luís Peixoto, é o relato de um luto doloroso e desconcertante feito por um “narrador-filho” angustiado e perdido,  sobre o regresso à sua terra, após a morte do seu pai. A partir desse regresso, segue-se uma série de episódios-memórias, desordenados cronologicamente e marcados por uma dor uma nostalgia intensas.

    Morte e família, os dois conceitos mais relevantes de Morreste-me, são tratados como é comum na civilização ocidental. A morte é encarada como uma grande perda que arrasta consigo tristeza, desorientação e vazio. A família tem, como habitualmente, o papel de porto de abrigo, em tempo de dor. 

    O relato é envolvente, não há dúvida. De tal modo que o leitor sente uma necessidade quase imperativa de se juntar ao luto do narrador e de se solidarizar com o seu estado de destruição interior - que quem já perdeu alguém pode entender.